terça-feira, 21 de agosto de 2007

TRATADO (MODESTO E SUCINTO)
SOBRE A TIMIDEZ

“Sei que tento me vencer, acabar com a mudez/Quando eu chego perto, tudo esqueço/e não tenho vez/Me consolo, foi errado o momento, talvez/Mas na verdade, nada esconde essa minha timidez/ ... /E, como um raio/eu encubro, eu disfarço, eu camuflo, eu desfaço/Eu respiro bem fundo/hoje eu digo pro mundo/Mudei rosto e imagem/mas você me sorriu/Lá se foi minha coragem/Você me inibiu”
(Timidez – Biquíni Cavadão)

Desde criança ouço essa música e, principalmente na época da adolescência eu pensava que ela tinha sido feita sob medida para mim. Passei muito tempo pensando que timidez fosse uma espécie de maldição, afinal, os tímidos são vistos como fracos, medrosos, imbecis, débeis (está lá no dicionário!). Ser meio desajeitado e tímido é típico de adolescente, mas quando se começa a chegar à casa dos trinta, a gente fica meio preocupado. Por isso, sem pensar muito, comecei a rabiscar esse tipo de Tratado, na esperança de poder desmistificar para mim, para tantos tímidos e para quem não nos entende que não somos bem o que aparentamos.

Fiz isso baseada somente em experiências pessoais e observações; isso nada tem de fundo médico, não estou brincando com a psicologia, nem levantando diagnósticos – já que timidez não é doença (mas fobia social, sim). Quero apenas dizer para os extrovertidos, que nós, tímidos, não somos alienígenas. Aliás, é incrível o número de pessoas que se classificam como “patetas”, “palhaças” e “extrovertidas” em seus perfis do Orkut. Que o mundo está cheio de patetas, todos sabemos, mas o que me espanta é tanta gente admitindo que o são.

Enfim, esse projeto de Tratado nada mais tem do que o intuito de romper com uma visão distorcida da maioria e chamar os tímidos para um “levante”. Mas atenção aos oportunistas: não usem a timidez como desculpa para serem grossos. Assim vocês estarão queimando o filme de toda uma classe.

[1] Tímidos são vistos como orgulhosos, metidos e pedantes.
[2] Tímidos são, geralmente, os últimos a serem escolhidos para os times – seja de basquete, vôlei, futebol.
[3] Somos chamados de moscas-mortas, otários, CDFs, nerds.
[4] Se aproveitam dos tímidos nas filas.
[5] O aluno tímido sempre tem que emprestar o caderno para o colega engraçadão da turma copiar a matéria.
[6] Tímido evita beber (porque sabe que o mínimo que ele ingerir pode transforma-lo em outra pessoa).
[7] Tímidos são zoados quando vão tirar carteira de motorista.
[8] Temos um ataque do coração e nossas mãos transbordam um rio toda vez que precisamos apresentar um seminário, expor um trabalho, ler em público.
[9] Está provado, por pesquisa, que os tímidos ganham salários mais baixos que os extrovertidos.
[10] Os mais maldosos adoram fazer um tímido gaguejar.
[11] Tímidos raramente sabem dizer “não”.
[12] Se aproveitam dos tímidos para pedirem favores.
[13] Quando se referem a um tímido, dizem: “esse cara é estranho...”. Ou pior: “ela é anti-social”.

Mas, a quem interessar possa, existe o outro lado da moeda:

[1] Tímidos são misteriosos.
[2] Timidez também é charme.
[3] Tímidos têm um humor sarcástico e refinado.
[4] Quem fala menos e ouve mais, acumula mais sabedoria.
[5] Tímidos raramente dão vexame (uma namorada tímida é garantia de nunca ter “barraco” ou ceninhas patéticas de ciúmes).
[6] Tímidos são mais concentrados.
[7] Somos mais contemplativos – às vezes captamos mais detalhes onde a maioria não vê.
[8] O Beatle Ringo Starr era excessivamente tímido e tinha tudo para dar errado. No entanto ele é e sempre será simplesmente Ringo Starr!
[9] Outros tímidos assumidos: Woody Allen, Chico Buarque e Milton Nascimento. Precisa falar mais?
[10] Tímidos lêem mais (pelo menos os que eu conheço).
[11] Por sua discrição, tímidos são excelentes ouvintes e confidentes.
[12] Por vezes, a timidez ajuda a afastar os chatos.
[13] Se todos fossem adeptos do “oba-oba”, o mundo seria um caos.

Em suma: tímidos sofrem, mas há suas compensações. Por repetidas vezes podemos passar despercebidos na multidão, mas temos nossas peculiaridades, que no fim das contas, nos diferenciam do resto. Então, tímidos de todas as partes, não soframos por termos que nos adequar ao resto do mundo e às leis dos extrovertidos. Apenas ousemos mais, aprendamos cada vez mais com nossos tropeços (os literais e os figurados), lapidemos nossos talentos escondidos e surpreendamos o mundo! Aliás, isso me lembra uma frase de Benjamin Franklin: “Bem feito é melhor que bem dito”.

(Personagem da foto: Keitaro Urashima, de Love Hina)

LIVRO DE AGOSTO

THE "FAB 4"

Desde que me entendo por gente, sempre ouvi falar nos Beatles, sempre achei engraçadinho o jeito como eles usavam o cabelo, sempre curti Twist and shout e sempre concordei com a expressão "bons moços do rock". Resumindo: só o lado A. Só que com o tempo, com a idade e com o amadurecimemto musical (todo mundo passa por isso um dia), a gente vai percebendo outras coisas além daquelas que todo mundo repete. Beatles são muito mais do que isso. Foram revolucionários tanto na época do iê-iê-iê como na era do psicodelismo. Os "Fab Four" não eram praticamente nada separados, mas, creio eu, e com a devida licença, imagino que alguma força misteriosa lá de cima, os juntou e deu do que deu.

Como eu disse, os anos foram passando e eu fui me interessando cada vez mais por eles, até que finalmente achei um livro que explicasse um pouco a origem da banda, a vida de cada um antes, durante e depois do encontro, suas idéias, seus sentimentos, sua percepção das coisas do mundo, como evoluíram... essas coisas que todo fã quer saber. Mas, além de ter confirmado minha paixão pelos Beatles como 4, acabei por me apaixonar por John, Paul, George e Ringo individualmente. Cada um deles tem uma história de vida muito interessante - às vezes muito sofrida, outras vezes engraçada (vivendo um bairros insalubres, presenciando a separação dos pais, praticando pequenos furtos, desafiando o sistema da escola, mostrando uma inteligência e esperteza ímpares). A que mais me tocou foi a de Ringo. Era praticamente uma pessoa que tinha tudo para dar errado e que com seu jeitinho tímido e seu talento escondido virou simplesmente Ringo Starr.

E para aqueles, que como eu, pensavam que britânicos não tinham lá muito senso de humor, os Beatles, pelo menos, provam o contrário. Eu não tinha idéia de como eles eram (2 ainda são) piadistas e irônicos (ainda que com o jeito inglês de fazer graça). Adoravam dar respostas engraçadinhas aos repórteres que lhes faziam perguntas toscas:

- Ringo, por que você usa dois anéis em cada mão?
(Ringo) - Porque não posso colocá-los no nariz.
- Acha que é errado dar tamanho mau exemplo para os adolescentes, fumando da maneira que fuma?
(Ringo) - É melhor do que ser alcoólatra.

- O que acha sobre as críticas dizendo que não são muito bons?
(George) - Nós não somos.

- O que faz no quarto de hotel no intervalo entre os shows?
(George) - Patinamos no gelo.

- Que história é essa sobre uma doença anual, George?
(George) - Todo ano pego câncer.

- Como se sentem enganando o mundo inteiro?
(Ringo) - Gostamos.
(Paul) - Na verdade não estamos enganando vocês.
(George) - Só um pouquinho.
(John) - Com se sente sendo enganado?

- Toda a bajulação das garotas afeta vocês?
(John) - Quando sinto minha cabeça girar, olho para o Ringo e percebo que não somos super-homens.

- Gostam de maiôs topless?
(Ringo) - Nós os usamos há muitos anos.

- O que vão fazer quando passar a beatlemania?
(John) - Contar o dinheiro.

Enfim, para não alongar muito essa conversa, só tenho a declarar que Beatles vão muito além de Love me do e de terninhos engomadinhos. Eles mostraram coisas novas ao mundo da música e não tiveram medo da transição de "meninos comportados" (coisa que nunca foram de verdade) para os místicos e psicodélicos de Sgt. Pepper's, além da criação da Apple - importante selo musical.

Livro recomendado pelo texto, pelas histórias tiradas do fundo do baú, pelo apanhado de declarações e pelas fotos.
Mas a minha busca continua...
BEATLES por eles mesmos
Pesquisa e organização: Luiz Antônio da Silva
Páginas: 175
Editora: Martin Claret

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O QUE FALTA PARA GAA?
“Problemas nunca serão solucionados se usarmos o mesmo raciocínio que os criou”
(Albert Einstein)

De vez em quando eu faço uma visita a Comunidade de Garça no Orkut, só para constatar o que os jovens – sobretudo os adolescentes da cidade andam pensando. Alguns pensam, outros não, mas de um modo geral, existem certos tópicos que não merecem passar em branco. Por esses dias vi um com o título: “O que falta pra Garça embalar?”. A mesma pessoa que lançou a pergunta, deixou sua resposta (reproduzida com a mesma brilhante ortografia): “Aqui, na minha opinião, só o tenis presta falando de balada... O lago anda perigoso demais ultimamenteO q falta pra Garça, em termos de balada, pra cidade fikar mais completa???Bom, pra mim falta tipo um shopping mesmo, mas SHOPPING, nao essa galeria q tem aki... Um lugar grande, se bem que garça nao suporta tanta coisa... afinal nem mc donald's tem...”.

Parece que o que falta para Garça virar um lugar de “baladas” é uma questão que não vai ter fim nunca. Ou essa nova geração anda realmente muito insatisfeita, ou então Garça não tem nada. Só que, se me permitem dar um testemunho, vivi minha adolescência toda em Garça, e tanto para mim quanto para as turmas com as quais eu andava, nunca pareceu faltar coisa alguma. Evidentemente que na nossa época os bons e velhos berimbaus do Grêmio eram diferentes, andar pelo lago não representava tanto perigo quanto hoje (depois de uma determinada hora) e ainda tivemos tempo de curtir o Cine São Miguel. Isso porque ainda nem dirigíamos. Dependíamos de carona ou de nos deslocarmos a pé.

E é claro que as coisas mudam. Talvez as “baladas” de uns 15 anos atrás não se pareçam com as de hoje e não tiro de todo a razão de uma ou outra reclamação sobre ter o que fazer nos fins de semana em Garça. Só que fico me perguntando se um grande shopping ia resolver esse problema. E se sim, por quanto tempo? Não vai ser a construção de um shopping que vai transformar Garça numa referência de lazer. Quando eu era criança, eu achava o passeio num shopping o máximo – ainda que fosse o de Bauru, naquelas clássicas excursões de escola. Não sei se era porque raramente a gente ia ou porque o nome “shopping” impressionava. Mas depois o encanto se quebrou e ao meu ver, a menos que se tenha o propósito de comprar alguma coisa ou de ir ao cinema, shopping, pra mim, é sinônimo de passeio de gente sem imaginação. Vamos encarar a realidade: os jovens – em sua maioria (e eu me incluo nisso) – são uns durangos. Então, fazer o que num shopping se você não vai comprar nada? Os lojistas iriam à falência em pouco tempo, o shopping teria que fechar suas portas e tudo voltaria a ser como era. Quanto ao McDonald’s, não acho necessário tecer mais comentários, seria falar “mais do mesmo”.

Agora é minha vez de levantar uma pergunta: “O que aconteceu com a juventude, que anda tão sem criatividade?”. Ou eu estou ficando velha muito depressa ou os adolescentes de hoje só se contentam com boates – o que seria um pensamento muito limitado. Existem coisas boas para se fazer em Garça nos fins de semana, e coisas que não envolvem luz negra, gente se trombando, fumaça de cigarro na sua cara, bêbados pendurados no seu pescoço, filas intermináveis em banheiros nojentos, lasers atrapalhando a visão e um som estourando os tímpanos. Diversão não se resume em boate. Quando se vive numa cidade do interior, nada mais gostoso do que reunir uma turma de amigos – que geralmente não se vêem durante a semana – sentar numa calçada, tomar um vinho (moderadamente e para quem já é maior!), jogar conversa fora, falar bobagem, de futuro, de presente, de frustrações, de vontades, sobre “o que queremos ser quando crescer”.

Viver aqui, num lugar ainda relativamente tranqüilo, é poder andar pelas ruas sem um roteiro determinado, comer um lanche na frente da igreja, comprar uma garrafinha de qualquer coisa e ir a praça “filosofar”. É aproveitar os pores-do-sol no lago, ficar ali com os amigos até escurecer enquanto se conta histórias. É tomar um café na padaria e trocar idéias sobre música, literatura, (e até política, por que não?), sobre passagens e tempos bons que já se foram. E como se não bastasse, essa cidade ganhou de presente da natureza uma porção de quedas d’água e trilhas. E isso não é se contentar com qualquer coisa, é saber aproveitar momentos especiais com pessoas realmente relevantes que têm disposição para falar e ouvir. É ver que a vida é muito mais do que um techno na orelha; é partilhar de horas únicas com amigos de verdade, é, entre uma conversa e outra, descobrir idéias novas, conceitos diversos, é colecionar instantes preciosos que, convenhamos, boate nenhuma no mundo pode proporcionar. Então, o que falta para Garça? Gente com imaginação.

Mas voltando ao Orkut, uma outra resposta me chamou a atenção pela pobreza de sensibilidade: “enterrar e fazer uma nova cidade ou afunda td e muda pa uma cidade melhor aqui naum tem nada”. Eu não sei de tudo que Garça precisa, mas sei do que ela NÃO precisa. Eu adoro esse lugar, me sinto uma pessoa de sorte por ter nascido numa terra tão bonita e por isso me acho no direito de dizer que Garça não precisa de gente tão pequena, de verdadeiros abutres que torcem pelo pior da cidade, de pessoas amargas que não participam de modo algum da vida da comunidade e que atiram pedras em quem o faz. Garça não precisa de gente que queira enterra-la porque não é de cabeças simplistas assim que se faz o progresso de um lugar; Garça não precisa de pessoas que depredam praças, que tombam lixo na rua, que atiram papeizinhos pelas janelas dos carros, que levam cães para passear só para que eles sujem calçadas alheias. Garça não precisa de gente preguiçosa que teima em não plantar árvores, alegando que elas sujam a calçada. A cidade não precisa de jovens tontos que erguem o som do carro no último volume (sem querer fazer nenhum trocadilho, mas isso me parece mais um problema de auto-afirmação). Não precisamos de gente egoísta e de má vontade que lava calçadas e carros usando mangueira, de comerciantes que sempre nos “tungam” um ou dois centavos, de alunos vândalos que ofendem professores e arrebentam carteiras e ainda dizem que a escola é que é uma porcaria. Garça não precisa de quem diga que aqui não tem nada. O lugar onde não tem nada é na cabeça de gente desse tipo, onde nem noção de Língua Portuguesa existe.

Ontem li um texto belíssimo do Fagner (amigo e membro da APEG) falando sobre um animal morto que ele encontrou em um local público – e não se trata de qualquer lugar. Não vou entrar em detalhes porque gostaria que ele publicasse o texto e eu não quero estragar a surpresa, mas só posso dizer que Garça também não precisa de pessoas que negligenciem os animais, tanto os vivos quanto os que foram mortos. Quem puder ler o texto do Fagner antes, eis o endereço: http://asasdeanjotorto.blogspot.com/.

Eu não pretendia parecer agressiva nesse texto, mas também não me importo se eu tenha sido – despretensiosamente pode ser que isso sirva para dar um toque em alguém – se bem que eu acho que pessoas tão agourentas e azedas nem devam ler jornal. Mas caso leiam, deixo-lhes uma frase ótima do escritor francês Vitor Hugo: “Os infelizes são ingratos, isso faz parte da infelicidade deles”.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

ESTADO DE SÍTIO”:
NOSSAS RAÍZES E NOSSA REALIDADE

Será que alguém já teve saudades de um tempo que não viveu? Alguém já sentiu aquele tipo de melancolia gostosa ao ouvir histórias de uma época ou de um lugar não conhecidos? Falando desse jeito, fica difícil explicar, mas quando se passa por uma experiência de assistir a uma peça de teatro, cujo texto é tão sensível e verdadeiro, as coisas ficam muito claras e se explicam não com palavras, mas com sensações.

Desde a última quarta-feira, dia 01, estava para escrever alguma coisa sobre a peça “Estado de Sítio”, mas – falando num bom e descarado português – fiquei enrolando, porque temia não achar as palavras certas para definir as impressões tão boas que o espetáculo me causou. Mas aí percebi que não são necessárias tantas pompas. Basta falar com a mesma simplicidade e sensibilidade com que o texto da peça foi concebido.

Quando digo que tenho saudades de um tempo não vivido, é porque os relatos das pessoas, transformados nos diálogos das personagens, foram executados com tanta delicadeza e graça, que, por alguns instantes, foi possível que nos sentíssemos inseridos naquele cenário de roça e pés de café. Ainda que algumas passagens do texto exprimissem as mazelas e os desgostos de se viver no campo, creio que todos ali se sentiram um pouco Toninho, Flor, Valdo, Amaral, Vô e Elza. Todos têm um pouco de cada um: meio românticos, meio realistas, meio sonhadores, meio sofredores, meio esperançosos. Nossos pais, avós e bisavós foram um pouco de cada uma dessas personagens. Viram no café a esperança de uma vida melhor, sofreram com os estragos das geadas, já se depararam com o desânimo por estar sob o jugo de um patrão, já quiseram cruzar a porteira para não mais voltar, já se deslumbraram com a vida na cidade. Sei de passagens assim pelos dois lados da minha família, e mesmo eu não tendo vivido essa realidade, pude, por alguns minutos, me enxergar na época dos meus avós, parar para pensar com maior profundidade nesses galhos tão fortes da minha árvore genealógica. Através dos dilemas, alegrias e tristezas das personagens, consegui me desligar do mundo lá fora e enxergar somente a história que deu origem à região, a Garça e a tantas famílias que ainda vivem aqui.

Uma deliciosa viagem no tempo, uma compreensão maior do que é a vida num “estado de sítio”, pitadas de sonhos e realidade e algumas doses de um romantismo inocente, tudo dentro de uma peça, passados em alguns minutos, mas ingredientes que só fizeram bem aos olhos e a alma. Venho através desse texto agradecer e congratular a Escola Municipal de Cultura Artística (EMCA), o grupo teatral “Evoé ou não é”, ao amigo (e ator) Bruno Antiqueira e as diretoras Susy Mey e Katya Magaly – e ao prefeito, pela intenção de se fazer real a finalização do nosso teatro. São iniciativas e trabalhos dessa natureza que mostram que Garça finalmente está voltando a ter aquela mentalidade que parecia perdida, de apreciar a arte.

Creio que desde a minha infância, a cidade não tinha grupos de teatro tão atuantes, tantas exposições, tantos novos músicos, tantos poetas e escritores tirando seus textos da gaveta. Eu, que já cheguei a presenciar cenas de gente caçoando de teatro, depreciando poesias e zombando de pinturas, fico aliviada por ver e saber que nem tudo está perdido, que ainda há quem pense que não é só porque Garça é uma cidade relativamente pequena, que tem que ficar alheia a movimentos culturais. Claro que há mentes pequenas e pobres que acreditam que cultura é coisa “das elites”. Eu só lamento por esse tipo de pensamento, mas torço para que essa caminhada em prol da disseminação da cultura não acabe nunca. Vida longa ao teatro, à poesia, às artes plásticas e à música. Bom trabalho e boa sorte aos que semeiam a cultura em Garça e sobre Garça. Como disse, certa vez, o general Tchekhov: “Canta a tua aldeia e cantarás ao mundo”.