quinta-feira, 7 de julho de 2011

RENATO.

Indicação de leitura
Renato Russo – o trovador solitário


Julho é o mês internacional do rock. 13 é o dia. A data comemorativa remete à primeira edição do Live Aid, em 1985, um show gigantesco que ocorreu simultaneamente em Londres (Inglaterra) e Filadélfia (Estados Unidos) e foi transmitido ao vivo pela BBC para vários países, com o intuito de chamar a atenção do mundo para o problema da fome na Etiópia. O evento contou com a participação de gênios do rock como The Who, Status Quo, Led Zeppelin, Dire Straits, Madonna, Queen, Joan Baez, David Bowie, BB King, Mick Jagger, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins (que tocou nos dois lugares), Eric Clapton e Black Sabbath.
O rock ´n´roll, ao contrário do que muita gente (desinformada) imagina, não é feito por gente desocupada e com coisa alguma na cabeça. Os roqueiros de verdade, os autênticos, os que definitivamente nasceram para isso, são inteligentes, cultos, sensíveis, um pouco excêntricos é verdade, mas colocam sua alma naquilo que fazem e por isso o rock não morre nunca.
E em virturde desta data, nada mais óbvio do que recomendar a biografia desse “bom que morreu jovem”, e que no entanto é um dos meus imortais favoritos. A minha grande paixão da adolescência e da vida toda. Renato.
O livro vale muito a pena não só porque trata da vida do roqueiro, mas porque menciona o surgimento da Legião Urbana, seus bastidores, o processo de concepção de algumas músicas, a rotina das turnês - destaque para a turnê do álbum V, que acabou antes da hora e provavelmente foi a mais sofrida para Renato Russo em decorrência do ritmo das viagens, de ele já ter conhecimento de estar infectado pelo vírus HIV, pela sensação de solidão e abandono e pelas bebedeiras.
O jornalista Artur Dapieve, um profundo conhecedor do universo musical, pesquisador, excelente contador de histórias e dono de um texto delicioso - cita o nascimento de outras bandas, principalmente as de Brasília, que esquentaram o rock nacional com sua influência punk. O texto flui como uma onda: em alguns momentos é leve, delicado e até humorado (sobretudo quando fala da infância e adolescência de Renato), e em outros, é mais denso e tocante. O autor já começa “noticiando” a morte do líder da Legião, como se fosse num filme que começa pelo fim, e depois nos reporta ao poeta criança. Além disso, o livro conta com ótimas fotos, alguns rascunhos e discografia da banda e de Renato, que ainda teve tempo de lançar discos em inglês e italiano - Equilibrio Distante, de 1996: qualquer elogio ainda soa como algo muito pequeno para este trabalho. Capolavoro! Um dos trechos que chama a atenção, no capítulo “Eles não têm respostas”, conta uma cena perturbadora do pai de Renato entrando em seu quarto e dando de cara com o filho transtornado, atirando seus vários livros no chão (muitos, aliás, de filosofia). Ele, perguntando o motivo de tanta ira, ouviu: “Não adianta isso tudo aí, pai, eles não têm respostas para as minhas perguntas”.

Autor: Artur Dapieve
Páginas: 188
Editora: Ediouro

(Indicação requentada, mas é de coração)

Renato Russo - O trovador solitário