sexta-feira, 31 de julho de 2009


MEIO PILATOS, MEIO NARCISO

“Eu me amo, eu me amo. Não posso mais viver sem mim”
(Eu – Ultraje a Rigor)

Eu havia dito muitas vezes a mim mesma e a quem me perguntasse, que eu não ia mais perder o meu tempo e gastar energia escrevendo sobre o Lula. Mas a raiva contida é tanta que se eu não dividir isso com mais gente, vou acabar falando sozinha. Se bem que, mesmo escrevendo, eu falo sozinha. A pequena parcela da população que detesta o Lula, fala sozinha. Não é ouvida e jamais será. Muito menos pelo próprio Lula (que deveria ser o maior interessado), que disse que jornal para ele, só fechado. Lula não lê livros, não lê jornais, também não deve assistir aos noticiários, documentários, entrevistas... A única coisa que parece prender sua atenção é o Corinthians. Ou seja, nada relevante.
Outra coisa que deve despertar seu interesse é saber as quantas anda a sua aceitação popular. Parece que ele já atingiu os 80% de aprovação, e eu ainda não sei se isso é preocupante ou se é bem feito para esse país.
Depois de tantas fanfarrices, viagens desnecessárias, de tantos “eu não sei”, tantas declarações infelizes, discursos ridiculamente improvisados que chegavam a soar preconceituosos e impensados, de todo o protecionismo escandaloso e de tanto passar a mão na cabeça de suas “crias” (como Palocci e Mercadante), tem gente que SOMENTE AGORA está chocada com essas atitudes lulianas. Como assim, somente agora? Só porque Lula está todo amiguinho de Fernando Collor, não quer dizer que tudo o que ele tenha feito ou dito antes não tenha importância ou não nos envergonhe. Ter confraternizado com Collor foi o de menos, desde que Lula assumiu a presidência.
A mais recente gracinha de Lula foi lavar as mãos sobre o afastamento (ou não) de Sarney do comando do Senado. Irritadinho com as perguntas dos jornalistas sobre o assunto, ele respondeu simplesmente: “O problema não é meu, eu não votei no Sarney”. Nada mais fácil do que jogar a responsabilidade no colo dos outros. Ainda que as decisões do Senado não compitam a ele, isso não é palavrório digno de um presidente. Qualquer um, até o mais abestalhado, tipo Hugo Chaves, teria uma declaração bem mais feliz do que essa. Ou no mínimo cômica. E nem isso Lula consegue fazer. Se ele fosse um ator de stand up comedy, certamente morreria de fome, pois até seus improvisos são deprimentes.
Mas como eu disse, essa indignação que eu sinto e que compartilho com poucos é inaudível. Parafraseando meu amigo Fagner, “somos profetas a pregar no deserto”. Não adianta gastarmos nosso bom Português com reclamações e explanações a cerca dessa criatura egoísta que gosta de fazer gentilezas com chapéu alheio. Porque enquanto esperneamos para ninguém ouvir, lá no sertão nordestino, lá nos confins do Brasil ou nas favelas, há uma multidão idolatrando Lula. E idolatram porque vêem nele alguém que sustenta com orgulho que nunca estudou, mas que chegou longe. Claro, é um exemplo para os marginalizados, descamisados e menos favorecidos.
Mas não estudar não é motivo de orgulho. Muito menos quando se é chefe de uma nação – apregoando a imagem de que estudar não vale a pena, ele estimula uma grande massa do povo a fazer o mesmo. Aí nasce uma imensa geração de gente emburrecida e surda às coisas realmente importantes. Lula faz surgir - propositalmente – uma multidão de ignorantes que, se não quer saber de estudar, também não quer saber de trabalhar, uma vez que quem não tem instrução, não arruma emprego. Quiçá um subemprego. E o que isso nos traz? Famílias e mais famílias mamando nos vale-isso e vale-aquilo. Com tantos vales pingando no bolso, o cidadão não vê vantagem alguma em trabalhar. Pra que se esforçar em procurar um emprego, pegar várias conduções, chegar tarde em casa, temer algum corte de funcionários, passar nervoso, se privar da companhia dos familiares e só ter o fim de semana para descansar se o governo pai-dos-pobres já provém o seu sustento?
Não estou dizendo que os mais pobres não devem ter direito a uma ajuda, um auxílio, mas o mal do povo brasileiro é ser mal acostumado, do tipo que ganha a mão e quer o braço. O povo não está habituado a fazer a parte dele e espera que alguém de fora resolva seus problemas. E é essa mentalidade preguiçosa que Lula estimula. E ele deve adorar isso, afinal, desse modo ele ganha mais e mais fãs – e garante votos para quem ele indicar a sua sucessão.
Mais do que tentar (em vão) entender os atos lulianos, eu tento compreender porque tem gente que só hoje está a se sentir desiludida com nosso ignorante mais ilustre. De repente resolveram sarar de sua cegueira, mas agora o estrago nas urnas já foi feito. Para uma anti-Lula como eu, só resta duas coisas a fazer: relaxar lendo um bom livro de literatura – em que nada me lembre esse ser – e aguardar a volta de Alckmin ao governo paulista (se os surdos e cegos do Brasil a fora não o quiseram, nós paulistas queremos). E quanto ao resto que só agora está se sentindo ultrajado, problema de vocês. Eu não votei no Lula.

Narciso, de Michelangelo Merisi di Caravaggio (1573 - 1610)

terça-feira, 14 de julho de 2009

PODE SER QUE UM DIA ELE NASÇA...


(APRESENTAÇÃO)

O embrião desse livro está no meu trabalho de conclusão de curso da faculdade – o famoso TCC. No íncio a idéia era abordar a dificuldade que se tem em encontrar no jornalismo impresso bons materiais e reportagens realmente revelantes para o público feminino. Praticamente todo veículo de comunicação que vemos destinado a esse nicho não traz um conteúdo que afete positivamente a vida prática das mulheres, sobretudo nos jornais, onde, na maior parte do tempo, os assuntos parecem direcionados somente às leitoras que vivem nos Morumbis da vida. Infelizmente não há biografias suficientes sobre tal assunto e o TCC teve de ser abortado.

Mas a “exclusão” do público feminino ainda não me saía da cabeça e daí para escolher a editoria de Economia como tema foi um pulo. Isso porque não somente como mulher, mas como leitora, eu me sinto, em certos momentos, excluída quando o assunto é Economia. E muitos leitores, tenho certeza, também se sentem. São tantos os termos empregados e não decifrados, que as pessoas começam a ver Economia como um tema chato, desinteressante e que só atrai quem trabalha com isso, quem aplica na Bolsa, quem é um grande empresário, quem tem conta no exterior.

E não é verdade. Economia é um assunto que deveria interessar a todos, pois TODOS fazem a economia girar. É o dinheiro de cada um de nós que ajuda essa engrenagem a funcionar e é quase um crime uma parcela da imprensa continuar a “enfeitar” textos com termos técnicos e com um linguajar tão complexo. Se os economistas falam esse dialeto – o Economês – é obrigação dos jornalistas traduzir esses dados e tentar trazer de volta os leitores desgarrados e alheios a esse universo tão importante.
Mas eu não poderia falar de Jornalismo Econômico sem antes contar – ainda que tão rapidamente – como se deu o início da imprensa no Brasil. Foram muitas e muitas tentativas de dar o pontapé inicial no jornalismo brasileiro, várias apreensões, prisões e perseguições sucederam-se.

Desde a vinda da família real até os dias de hoje evidentemente muita água rolou por debaixo dessa ponte – talvez o romantismo com que se fazia jornalismo já não exista mais, a concorrência cresceu vertiginosamente, a notícia deu lugar ao espetáculo – mas como tudo nessa vida é um ciclo, pode ser que chegue uma época em que, cansados de tanto “vale tudo pela notícia”, voltemos aos tempos dos idealistas, daqueles que estão sinceramente interessados em contar a verdade sem mascará-las com montanhas de números ou sem se deixar corromper pelos outros três poderes. Ou talvez esse seja apenas mais um sonho bobo de quem ainda – apesar de tantas coisas – ainda tem fé no Jornalismo.