quarta-feira, 23 de maio de 2007

DEVAGAR SE VAI AO LONGE.
OU, DEVAGAR SE VAI ATÉ 2010?

Já fazia um bom tempo que eu não escrevia sobre o Lula. Em parte porque acho que perdi o jeito – se é que algum dia eu o tive – e em parte porque já não acompanho mais política com o mesmo entusiasmo de antes. Meus dias mais produtivos foram na época das eleições – evento do qual gosto bastante. Dá um gostinho especial escrever perto, durante e após as votações, especular sobre resultados, duvidar de pesquisas, participar de rodinhas de discussões, ouvir “sem querer” conversas alheias a respeito dos candidatos, analisar debates, resenhar sobre campanhas, rir dos mesmos discursos e, vez ou outra, se deparar com alguma proposta diferente, curtir a expectativa das apurações e, nesse nosso atual caso, se frustrar com os resultados.

Depois do dia da posse, não me lembro de haver escrito alguma coisa sobre nosso etílico presidente. E há quem tenha me cobrado isso: “E aí, o que você vai escrever sobre o Lula agora?”. E noto que decepciono quando respondo: “Dessa vez eu escrevi sobre o Palmeiras”, ou “Agora vou falar sobre os anos 80”. Afinal, escrevo mais sobre aquilo que gosto. Aos que ainda esperavam um texto meu a respeito do nosso ex-agitador-grevista que hoje condena greves, sinto muito, mas não foi dessa vez... Como disse, já não acompanho política com o mesmo afã. Talvez seja um tipo de protesto solitário e silencioso, ou uma maneira de boicotar notícias sobre um governo moroso que só não tem preguiça para inventar ministérios.

Já faz algum tempo que troquei as colunas de política por livros de Sêneca, Lúlio, Maquiavel e filósofos pré-socráticos. Já que é para eu me desligar, então que pelo menos eu não me aliene. Tem horas em que é bem mais vantajoso passear em paisagens gregas e pela Europa Medieval do que saber a quantas anda Brasília. E fico feliz por não estar sozinha. Guardadas as devidas proporções, já que nem de longe posso me comparar a ele, quem também anda sendo cobrado a escrever sobre o “metamorfose ambulante” é João Ubaldo Ribeiro. Seus leitores lhe perguntam quando é que ele vai voltar a malhar o governo, e tomo a liberdade de fazer minha a resposta dele: “Como malhar algo que ainda não existe?”. Pois é, o governo Lula-2007 ainda parece não ter começado. Os seus 1001 ministérios só acabaram de ser escalados em abril. O caos na aviação civil ainda é figurinha fácil nas mídias. E, ao contrário do que Lula diz, temos mais desemprego hoje do que nas décadas de 80 e 90. O Brasil ainda está no ranking dos países onde se paga mais impostos. A biopirataria corre solta e não se vêem autoridades (essa palavra me incomoda) mexendo uma palha – acreditam que o Canadá patenteou o pau-brasil? Uma porção de espertinhos continua mamando nos programas assistencialistas Fome-Zero, Bolsa-Família, Vale-Gás, Vale-Isso, Vale-Aquilo. Muitos até precisam, é verdade, mas tantos outros acham mais interessante parar de trabalhar e contar com tais mesadas. Afinal, para que ganhar 300 e poucos por mês, madrugar, enfrentar conduções lotadas, pegar chuva e correr o risco de ser assaltado, quando se pode ficar coçando o dia inteiro e fazendo uma penca de filhos? Ao meu ver é isso o que as mesadas de Lula têm criado: uma legião de acomodados com uma escadinha de crianças. Mas, claro, cada caso é um caso, e antes que pensem que eu tenho um coração de pedra, vou parar com esse discurso. Lembram-se? Não estou aqui para falar do Lula, do que ele fez ou deixou de fazer. Como boa brasileira que sou, vou me sentar e fingir que nada está acontecendo. Na verdade, e sem querer ser derrotista, mas adianta alguma coisa falarmos tanto? Nada do que dissermos vai mudar o que já foi feito – ou desfeito. Arnaldo Jabor, que tanto já disse e que já foi censurado por Lula, ele sendo quem é, também já se cansou de dar murro em ponta de faca. Ficou patético falar de Lula. Tão chato quanto ladainha de mãe. Tão emocionante quanto aula de cálculos. Lula faz a alegria dos mais pobres (não que haja algum pecado nisso), mas conseguiu deixar o restante paralisado. O mesmo restante que, creio, ainda espera por reformas nesse país. Mas parece que, por enquanto, estamos de mãos atadas. Isso me lembra uma frase do eterno Raul Seixas (já que Lula o citou, também cito eu): “Eu é que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar”. Acredito que todos nós, o resto para quem Lula está se lixando, até podemos estar sentados num trono de um apartamento com a boca escancarada, mas antes que a morte chegue, esperamos ainda por mais ação e menos falatório.

Só que o tempo está voando. E o Brasil está chato. A oposição, que também não é mais a mesma, está chata. Até o texto está chato! Então, quando Lula de fato se metamorfosear, talvez eu escreva algo mais decente sobre ele.
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23 / 05 / 07 (Dia Mundial da Tartaruga)

terça-feira, 8 de maio de 2007

EIS O HOMEM!

Não adianta nada dizer que o desenho é bonito e não colocar a cara dele aqui...
A quem interessar possa, esse é o Sano.
(e esse foi mais um momento de fã boba)

MEU LIVRO DE MAIO


Não, não é mangá. É livro mesmo.
Imagino que quem não curte animês ou mangás (desenhos e quadrinhos japas, respectivamente), não vai dar importância a essa obra, mas devia! Mais do que tratar das aventuras de um dos samurais mais famosos e queridos dos otakus (fãs disso tudo), o livro ainda traz passagens importantes e verídicas a respeito da História do Japão - sobretudo durante o período em que os monarquistas tomaram a ilha, dando início à Era Meiji (lá pelos idos de 1867).

Graças à parceria entre Nobuhiro Watsuki (criador do Samurai X) e Kaoru Shizuka (historiador), o leitor pode saber um pouco mais sobre algumas tradições, fatos marcantes e hábitos do povo japonês da época. Por exemplo: foi só no começo da Era Meiji que surgiram os primeiros gyunabe-ya (restaurantes de comida ocidental), em Edo (atual Tóquio) e foi aí que eles finalmente conheceram a carne bovina. O livro explica até como ela era preparada.

Mas além das curiosidades a cerca da sociedade, economia e política japonesas, como não podia deixar de ser, o que prende mesmo é o velho dilema de Kenshin Himura: o de não voltar a usar sua Sakabatou (espada com lâmina invertida) para matar as pessoas - ainda que a tentação seja grande.

O livro traz duas histórias: uma inédita, em que "Viagem à Lua", de Júlio Verne, gera pequenas discussões entre os personagens - uns acham impossível que um dia o homem pise na Lua, outros preferem acreditar que sim - mas isso é só um pano de fundo para acontecimentos bem maiores. A segunda história é tirada do mangá e do animê, só que contada com maior riqueza de detalhes. É sobre uma parte do passado de Sanosuke Sagara (um dos caras mais lindos do mundo dos animês, palavra de fã XD ) que volta a assombra-lo no presente.

Samurai X - Rurouni Kenshin
Crônicas de um samurai na Era Meiji - Volume 1
Autor(es): Nobuhiko Watsuki e Kaoru Shizuka
Páginas: 174
Editora: JBC