quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"Miau" livrinho da semana:


Em resposta àqueles que dizem que gatos não têm serventia, que só se apegam a casa e não ao dono, que são oblíquos, dúbios, traidores ou até amaldiçoados (a ignorância desconhece limites), o escritor norte-americano Sam Stall fez a delicadeza de mostrar que os felinos, ao contrário de todos esses grandes absurdos, deram sua contribuição para a História, participando de importantes episódios das ciências, artes, política, literatura e religião.

Só quem convive, adota, cria, salva e ama os gatos entende como eles gostam de seus donos e que nem por isso deixam de ser eles mesmos. Eles são a pura tradução do amor autêntico, sem amarras: o gato é livre, vai onde quer e quando quer, mas nem por isso deixa seu dono para trás. Quem estiver disposto a ter um felino deve aprender a praticar o desapego e a compreensão. Grandes lições, sem pronunciar uma palavra.
Os gatos estão na vida dos humanos desde tempos imemoriais, evoluindo também, mas alheios aos avanços do homem – seus companheiros bípedes podem tomar o rumo que quiserem desde que para eles, felinos, não lhes falte comida, areia e um lugarzinho ao sol, de preferência no alto, de onde ele pode observar o mundo. Entretanto o relacionamento entre nós e eles passou por altos e baixos: os gatos já tiveram os postos de divindades – como Bastet, a deusa gata do Egito que também habita meu quarto – até os gatos cúmplices das bruxas na Idade Média, que eram, junto com as injustiçadas mulheres, caçados e queimados. De caçadores de ratos em silos, navios e porões até amáveis companheiros de cientistas e escritores.

Ofuscados pelos feitos dos cães, os gatos se mostram mais astutos e inteligentes – convivendo com dezenas deles há tanto tempo, já notei as diferenças e sei bem do que eu e Stall falamos.
100 gatos traz uma lista de bigodudos que deram uma forcinha em várias áreas do conhecimento humano como Snowball, o gato que prendeu um assassino; Macek, o gato que brilhou no escuro; o irritante felino de Sir Isaac Newton que o inspirou a criar as portinhas para gatos; Tee Cee, o gato que previa convulsões; Muezza, a gata favorita de Maomé; Cattarina, a gatinha que tocou o coração negro de Edgar Allan Poe; Mrs. Chippy, o gato que explorou a Antártica; Félix, o primeiro gato a visitar o espaço ou até um bichano que ligou para a polícia para salvar seu dono.

Alguns, é certo, criaram algumas confusões, mas com as melhores intenções, como o gato “fornecedor” que levava pombos para matar a fome de um preso; Oscar, o gato que afundou o Bismark, navio alemão no auge da 2ª Guerra Mundial ou Cobby, o gato que roubou o coração do seu dono – literalmente.
Além dos gatos de carne e osso, cujas histórias são verídicas e belamente contadas, há ainda alguns felinos cuja origem quase se perde no tempo, mas que fizeram surgir lendas, costumes e até ícones famosos, como o maneki neko. Hoje comumente encontrado em estabelecimentos comerciais orientais como lojas, restaurantes e mercadinhos, esse bichano que segura uma moeda com uma pata e acena com a outra é símbolo de prosperidade e boa sorte. A origem da figura, embora tenha características mitológicas, também parece ser bem real e nos remete ao período Edo no Japão (1603 – 1867). Mas atualmente a cultura pop se apoderou desse símbolo transformando-o inclusive em desenhos e produtos, capturando seus traços nos dando personagens como o pokémon Meowth e a gatinha Hello Kitty.

Selvagens, deuses, bruxos, caçadores, presentes na ciência, na literatura ou no espaço, abrandando ou roubando corações, não há como não amar esse delicioso mistério da natureza, ou como define Stall: “Os gatos são um tipo misterioso de criaturas. Há mais coisas na mente deles do que nós imaginamos”.

100 gatos que mudaram a civilização – Os gatos mais influentes da História
Autor: Sam Stall
Editora: Prumo
Páginas: 248

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