sexta-feira, 30 de março de 2007

EU SOU F***!


Caríssimos, me perdoem pelo palavreado de baixo calão. Essa frase não é minha. Ela foi dita pelo Edmundo no último jogo contra o Corínthians, logo depois de marcar seu gol. Não tinha como eu não registrar essa frase, primeiro porque foi contra o nosso rival preferido, segundo porque foi em um dos jogos que começaram a alavancar o Verdão para uma sucessão de partidas bem sucedidas e depois porque foi em um dia em que, depois de muito tempo, resolvi voltar a ver jogos de futebol. Acho que faço parte da turma de torcedores que está pensando em tirar o cheiro de naftalina das camisas do Palmeiras – e olhem que eu tenho um monte delas, uma para cada dia da semana (ou mais).

Ter visto o Palmeiras em campo novamente e conferido que a idade só tem feito bem para Edmundo, me fez lembrar dos bons tempos do time, até meados de 96, quando qualquer jogo já era sinônimo de vitória garantida. Só assistíamos aos jogos para saber de quanto iríamos ganhar: 4, 5, 6, até 7 e 8! Lembro que era comum ganharmos de goleada. Fora que tínhamos um timaço, praticamente uma seleção: Rivaldo, Cafu, Muller, Djalminha, Cléber (grande cabeceador), Júnior, Alex Alves, Velloso, Luizão... Lógico que não me esqueço da nossa Libertadores de 99, aliás, nosso último título importante (o título de campeão da Segundona também é relevante, mas foi doído). Não me esqueço do lateral Arce, que inspirava a maior tranqüilidade; do Marcos (ainda com cabelo), que já estava começando a ser reconhecido como “santo”; do Evair, que botava ordem na casa; das tabelinhas de Ozéas e Paulo Nunes e dos dribles do Alex.

Até o começo dos anos 90 eu só observava o futebol, ainda não tinha pendido para lado algum e nenhum parente ou amigo conseguiu me influenciar na escolha de um time. Tios são-paulinos, pai santista, primos e amigos corintianos e eu fui me apaixonar justamente pelo Palmeiras. Não foi para contrariar ninguém, eu juro. Logo depois, o time fecha um acordo com a Parmalat e o Verdão começa a prosperar. Até hoje agüento a gozação de alguns amigos quando dizem que virei palmeirense só porque o time ganhou os campeonatos paulista e brasileiro de 93/94, que faço parte da “Geração Parmalat”, que foi muito conveniente e blá, blá, blá... Minha paixão pelo time ter começado nessa época não passa de coincidência.

Falando em gozação, depois de tanto ter que agüentar as gracinhas corintianas, hoje os palestrinos podem comemorar. Mais. Acontece que a FIFA resolveu, ainda que tardiamente, reconhecer o título mundial do Palmeiras, ganho em 22 de julho de 1950. A competição levava o nome de Copa Rio Internacional e tinha praticamente o mesmo significado dos mundiais ganhos por São Paulo, Santos, Flamengo e Grêmio. Ela foi criada pela antiga Confederação Brasileira de Desportos, como forma de reanimar o torcedor brasileiro, depois da derrota para o Uruguai na Copa do Mundo. Na chave paulista jogaram Palmeiras, Juventus (Itália), Olympique Nice (França) e Estrela Vermelha (Iugoslávia). Pelo lado carioca, Vasco, Sporting (Portugal), Nacional (Uruguai) e Áustria Viena (Áustria). A final aconteceu entre Palmeiras e Juventus – no primeiro jogo, 1 a 0 para o alvi-verde; no segundo, empate de 2 a 2. Pouco tempo depois, o Verdão alterou seu escudo, tirando o I (que era de Itália), ficando apenas o P.

Ainda não entendo porque a FIFA demorou tanto para reconhecer esse título. Mas creio que isso não importa tanto. Acho que no coração de cada palmeirense, esse título sempre valeu. Não seria o “sim” de uma entidade tão cheia de maracutaias como a FIFA que tornaria essa vitória mais ou menos significativa. Um reconhecimento oficial é bem vindo, mas para nós palestrinos, só serve para reforçar aquilo que já sabíamos há tempos. Ainda não me atrevo a dizer que o Palmeiras esteja gozando de uma maré de sorte, que esteja definitivamente se despedindo da má fase e que conquiste algum título esse ano. Preferi nunca arriscar palpites e não é agora que vou começar. Mas que essa nova fase do time nos inspira confiança, isso não dá para negar. Ainda que o São Paulo atropele o Palmeiras no próximo jogo, isso não vai me tirar o gostinho bom de estar vendo de novo o meu time entre os primeiros. Não estou sendo conformista, mas até pouquíssimo tempo, os palmeirenses torciam não por um título, mas para que o time não fosse rebaixado. Chegamos ao ponto de nos contentarmos em ver o time escapando por um triz!

Sempre achei engraçado ver os corintianos se gabando do mundial que ganharam. Todos sabem, exceto eles, que aquele campeonato era bem questionável. Já discuti muito com meus amigos corintianos sobre isso, mas a gente só se desgasta à toa. Para eles o título vale como mundial, para o resto não passa de uma estratégia de marketing. Mas não adianta discutir com apaixonados. No fundo, eu até os entendo – às vezes a predileção por um time beira o irracional. Já estou preparada para as maledicências corintianas quanto ao mundial do Palmeiras. Mas agora só quero fazer ouvidos de mercador e curtir as boas surpresas que o Verdão tem nos dado. Quero, assim como tantos palestrinos, poder olhar para o escudo verde do nosso time e voltar a acreditar em tempos melhores e ver que o Edmundo é como um vinho que ficou ainda melhor com o passar dos anos. Chegando ao seu 200º jogo pelo Palestra e aos 36 anos, ele está mais calmo, mais solidário, orienta os novatos, recebe críticas com um bom humor nunca antes visto, tem levado os treinos a sério, tem sido sinônimo de segurança. E se tudo caminhar assim, quero ver o bom filho que a casa retornou, se aposentar no Verdão dando o seu melhor.

Mesmo que o Palmeiras não erga nenhuma taça esse ano, tudo até aqui tem valido a pena. O início de 2007 tem servido para que os palestrinos voltem a crer no time depois de tanto tempo. Reconhecemos, respeitamos e até invejamos os títulos mundiais de São Paulo e Santos. Agora temos oficialmente o nosso e por que não sonhar com outros? Já chegamos tão perto uma vez. Aliás, a única vez que chorei pelo Palmeiras foi naquele jogo contra o Manchester United. Faltei na aula de espanhol para ver uma porcaria de time inglês (onde só o goleiro prestava) ganhar de 1 a 0 de um Palmeiras que atacou o tempo todo. Já descobrimos o caminho, sabemos como chegar. Ouvir gracinhas de são-paulinos e santistas nem me incomoda, afinal esses sim são de fato (também) campões mundiais, mas corintianos, me desculpem: ganhem primeiro uma Libertadores, depois venham caçoar do Palmeiras, ta?

2 comentários:

Anônimo disse...

Copa Rio Veri? se o Palmeiras ganhou esse título então ele deve ser considerado campeão carioca e não mundial! ha ha ha!
E o título do Corinthians... reveja os jogos no Youtube Veri, aí depois voce me diz se foi um campeonato que não valeu nada tá. O Timão tinha um PUTA time jogou contra adversários fortes, inclusive contra o Real Madrid (golaço de Edilson, com direito a caneta e tudo). enfim, não me venha com xurumelas ok! ão ão ão segunda divisão!

Anônimo disse...

Edmundo voltou realmente a velha forma: erra penaltis que é uma beleza!!!