sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Não acredito em bruxas.
(mas que elas existem, existem).

Entre acreditar em pesquisas (encomendadas e feitas sabe-se lá onde) e em premonições, eu, dentro da minha mui modesta sabedoria, escolhi dar crédito às pessoas de visão. Visão premonitória e visão política. Sinceramente acreditava que a partir de janeiro de 2007 viveríamos praticamente uma Nova Era. Sentia isso pelos resultados dos debates, pelas conversas em casa e com os amigos e pela fé em dias mais limpos. E no meio disso tudo também não pude deixar de achar muito convenientes as previsões feitas sobre as eleições.

Por esses dias, uma senhora que afirmava ter o dom de sentir o que pode acontecer num futuro em curto prazo e fã declarada de Lula, esteve em um de seus comícios. Num dado momento ela não se conteve e começou a chorar e queria a todo custo tirar uma foto ao lado do nosso querido bagre ensaboado. Depois lhe entregou uma carta onde ela relatava a revelação que tivera num sonho. Tal insistência tinha uma razão: essa seria sua última oportunidade de posar ao lado de Lula como presidente, já que, de acordo com a carta, ele perderia o segundo turno e logo em seguida ficaria muito doente (depois de ter feito a Ética ir parar na UTI). No início dessa semana, circulou que o professor Juscelino Nóbrega da Luz (de Maringá -PR), famoso por seus sonhos premonitórios, proferiu em uma palestra no Rio de Janeiro, no dia 03/06/2006 que Geraldo Alckmin ganharia a eleição e se tornaria o melhor presidente que o Brasil já teve nos últimos tempos. Calma, senhores lulistas! Não façam um juízo errado do professor! Ele não fazia propaganda do candidato tucano, apenas relatou um sonho. E que sonho...

Ainda circulou pelos e-mails, uma brincadeirinha com números em que se dizia: no dia da eleição é melhor somar do que subtrair: 29 + 10 + 06 = 45 / 29 – 10 – 06 = 13. No fim das contas: memória de menos e mais do mesmo. Só mesmo tendo a memória muito curta ou um conformismo muito grande para deixar Lula na cadeira por mais quatro anos. O engraçado é que a memória de muita gente funciona bem para condenar Fernando Collor até hoje. O “mauricinho das Alagoas” nunca foi santo, mas foi crucificado por muito menos. Na época, eu tinha uns 12 anos e me lembro dos jovens militantes e engajados pintando seus rostos cheios de ira, agarrados à bandeira e saindo às ruas para pedir a cabeça de Collor. Hoje sei que aquele bando de caras-pintadas estava mais para comunistinhas de meia-tigela que só queriam uma boa desculpa para enforcar aula e bagunçar na rua. Senão o fossem, por que então não se manifestaram agora? E motivos não faltaram. Será que eles não se sentiram traídos? Ainda que os caras-pintadas dos anos 90 não estivessem com ânimo para tal manifesto, porque essa nova geração não se mexeu? Bancaram os justiceiros com o “presidente atleta” e apáticos frente ao presidente “eu-não-sei-de-nada”.

Os “estrelas vermelhas” que me perdoem, sei que muitos, a essa altura do texto devem estar pensando: “quem essa menina pensa que é?”, e coisas do gênero. Estão no seu direito de pensar assim, bem como estou no meu direito de não me conformar até agora com o resultado da eleição. Esse texto é apenas um desabafo e, modestamente, creio estar falando em nome de outras pessoas ao afirmar que, maior que nosso inconformismo é ainda a nossa certeza de que dias melhores virão. E só para encerrar: na semana passada li na Internet (por isso não dêem tanto crédito) que um cientista e astrônomo russo, Nikolai Fedorovsky (mas que sobrenome sugestivo) disse que um cometa havia mudado de rota e se dirigia a Terra. A colisão, que “atrapalharia um bocado” a eleição, estava prevista para o dia 28/10. Certamente que foi mais uma notícia inventada e o mundo não acabou nesse sábado. Só o Brasil que deu mais um passinho em falso no domingo

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(escrito em 30 de outubro de 2006)

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