quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

ZzZzZzZzZzZz
(Houve algum debate? Nem percebi)

Com certeza eu não sou a única pessoa a se decepcionar com o debate promovido ontem pela Band, com a presença dos presidenciáveis - infelizmente sem a contribuição do nosso amantíssimo presidente, o que nos privou de dar boas risadas - para não dizer de momentos de indignação... Aliás, esse foi um dos pontos altos desse meu desapontamento. Na falta de bons programas de humor na TV às segundas-feiras, eu esperava para ver um duelinho verbal entre Lula, Alckmin e Heloísa Helena, mas não foi dessa vez. No lugar disso o que se viu foi uma combinação descarada dos três candidatos mais fracos - Bivar, Eymael e Buarque - de se perguntarem entre si, pelo menos nos dois primeiros blocos (e meio) para aparecerem mais e não darem espaço aos donos dos discursos com muito mais conteúdo, o tucano e a líder do Psol. Por um lado foi uma atitude de esperteza e até interessante, afinal, cada um luta do jeito que pode, mas por outro, beirou o patético. Perguntas sem sal, respostas mais aguadas ainda. Definitivamente, foi um debate-sonífero. Cristovam Buarque chegou ao ponto de gastar sua vez, o tempo na TV e nossa paciência ao perguntar a Luciano Bivar se ele havia se decepcionado mais com a atuação do Brasil na Copa ou com o governo Lula. Sim, é verdade! E numa outra rodada de perguntas, a dupla voltou a desperdiçar segundos valiosos para trocar figurinhas sobre os tempos em que jogavam futebol. Tudo entre amigos, que beleza... E, juntos com Eymael, eles se elogiavam mutuamente, concordando em número, gênero e grau com os projetos de cada um. Ou seja, três vezes mais do mesmo. Nada acrescentado, nada contestado, nenhuma frase diferente de "agora é comigo", "vou fazer uma revolução", "quero fazer do Brasil um Estado servidor", "quero um país para todos", blá blá blá... Fora as piadinhas manjadas sobre a ausência de Lula - em poucos minutos isso acabou por se tornar lugar-comum no "debate". Juro que só não mudei de canal porque estava esperando pela rodada de perguntas feitas pelos jornalistas - Franklin Martins, Joelmir Beting e José Paulo de Andrade - que aí sim, ALELUIA, fizeram aparecer frases objetivas e contestadoras através de questões pertinentes dirigidas aos candidatos que têm 100% de certeza do que estão a falar: Heloísa Helena e Alckmin. Confesso que até me deixo prender pelo discurso da candidata - é sempre muito interessante ouvir uma mulher envolvida com a política, ainda mais uma que tagarela como um professor universitário de filosofia - e sou fã assumida do nosso ex-governador, portanto ainda tinha esperanças de ver o circo pegar fogo, só um pouquinho. Sem barracos, sem apelações, sem ofensas, óbvio. Só ansiava por discussões um tanto mais inflamadas, o que também não aconteceu. Ela foi contestadora, ele foi objetivo. Ela, como não podia deixar de ser, chamou o governo do PSDB de irresponsável, e ele jogou na cara tudo o que fez por São Paulo. Falatório ótimo, mas um tanto previsível. Foram polidos demais pro meu gosto (ah, Geraldo Alckmin tem classe...). Como comentou, ao fim do programa, o mediador Ricardo Boechat, provavelmente eles ainda estão se estudando. Pode ser que se apresentem um pouco mais "agressivos" nos próximos encontros. Afinal de contas, queremos DEBATE! Não um papinho de coleguinhas. Senhores - e senhora - presidenciáveis: estudem-se logo. Um espetáculo como esse só acontece uma vez a cada quatro anos!
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(escrito em 15 de agosto de 2006)

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