quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A CAÇADORA DE PÉROLAS
Parte I – Sobre as mulheres de Garça

Meu amigo Fagner já havia adiantado em um texto seu, que eu estava recolhendo algumas pérolas do Orkut, para usa-las posteriormente. De fato. O Orkut, decididamente é uma fonte inesgotável de surpresas – boas e más, e muito das coisas que já li me fizeram rir bastante. Pesquisei em várias comunidades relacionadas à Garça e selecionei as melhores – ou piores, depende do ponto de vista – manifestações de alguns jovens de nossa cidade, a respeito de diversos assuntos. Só quero ressaltar que, valeu a intenção por eles terem participado dos tópicos, mas bem que poderiam ter um pouco mais de respeito com a nossa surrada Língua Portuguesa e que eles precisam ler. Ler muito, para não dizerem tanta bobagem. E tais bobagens serão publicadas em doses pequenas, para não enjoar quem escreve e quem lê. E também que não sou autoridade em nada e não quero expor esses jovens pensadores ao ridículo. Eles o fazem por si mesmos.

O primeiro tópico se refere às mulheres de Garça. Alguns marmanjos escreveram reclamando de que as moças daqui não dão a devida atenção aos mancebos porque são por demais orgulhosas, porque só se interessam por quem tem um carro, dinheiro, influência. Essas coisas tão típicas que os homens adoram dizer quando são esnobados. Outros dizem que por aqui só existem barangas, e que por esse motivo devem ser umas desesperadas que saem com qualquer um. Mas esse sujeito, numa tentativa vã de melhorar a imagem das mulheres, escreveu: “... aqui nessa cidd so nao cata muié quem não quer!! pois aqui tem mulher bonita como todas as outras!! nao fis este tópico tirando as muié d garça!! so fiz para os cuecas pararem d criticar falando q Garça so tem veia e mulher feia!! bjus para todos!!!!”. A única coisa em que esse amante dos pontos de exclamação está certo é que em Garça há muitas mulheres bonitas. Mas o que ele – e muitos – tem que saber é que mulher não é muié, e que ela não deve ser catada e sim conquistada. Não somos milho para irmos à cata. Muitas de nós - prefiro acreditar - ainda gostam de conversar, trocar idéias sobre coisas aparentemente bobas do cotidiano como filmes, livros, faculdade, pretensões, valores; ainda valorizam um papo espirituoso e bem humorado (e não chulo) e aquelas gentilezas que nunca deveriam ter caído de uso como o homem se prestar a abrir a porta do carro para que a mulher entre, puxar a cadeira para que ela se sente, deixar que ela ande pela parte de dentro da calçada ou permitir que ela atravesse a porta primeiro (e disso eu não posso me queixar porque tenho quem faça isso por mim).

Na seqüência, a resposta para o “catador”: “muié até tem... mais a maioria é td metida msm... e curti mais $$... pra cata muié mesmo tem que te $$ se nao... vai fica com a sobra”. Ao adorador das reticências, o que podemos dizer? Que talvez essas meninas não sejam metidas ou orgulhosas, mas que são seletivas. Oras, todos querem o melhor pra si, e não creio que um cara com essa mentalidade seja coisa boa para alguém. É lógico que existem interesseiras que preferem um idiota motorizado a um cara legal a pé, mas gente pequena assim está presente em todos os meios, então, meu caro, não diga que só as garcenses são desse jeito. E nem todas são assim. Te garanto.

Por fim, uma última colocação sobre esse assunto: “Qem fica falando isso é por q não cata ninguem q tem umas par de gatinhas + o duro q tem umas pilantras metidas ao q não é qer dar uma de boysinha vai ver a roupa é imprestada ou p/ pagar em 10 vezes”. Tirando a cacetada na ortografia, o que deu para entender é que muitas de nós, mulheres de Garça, vivemos de aparência. Rejeitamos tantos esses pobres homens, mas no fundo não passamos de umas coitadas que usam roupas emprestadas ou compradas em prestações a perder de vista. Ou seja, quem somos nós para esnobar esses moços? É sabido que em todo lugar há quem finja ser o que não é, que existem aqueles ricos falidos que vivem de pose dizendo: “você sabe com quem está falando?”, e há as tais “boysinhas”, mas, volto a dizer, não se trata da maioria!

Chega a ser patético constatar o pensamento de homens ainda tão jovens a respeito das mulheres. Que são esnobes, pilantras, fingidas e dignas de serem catadas. Bom, se eles passaram por esse tipo de experiência, então é provável que eles não tenham procurado direito – por preguiça ou incompetência. Se só se envolveram com as tais pilantras é porque somente elas correspondem ao tratamento que recebem. Por mais que o tempo passe, a essência da mulher nunca vai mudar – e sim se apurar. Ainda gostamos das coisas mais manjadas como lembrar de certas datas, flores inesperadas, um passeio sem motivo. Por outro lado, todo esse falso testemunho contra a maioria das mulheres de Garça pode ser puro despeito. Para que as mulheres certas apareçam, basta começar a abandonar essa infeliz mentalidade de “catar”, pois como já disse Cartier: “Quem compra cópia, merece-a”.
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Foto: usei esse lindo bichano com carinha de cansado, metaforicamente. Afinal, ler tanta besteira, desanima...

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